domingo, março 21, 2010

Dreams

Uma vez; dois meninos. Eles se amaram, com o passar do tempo.
Também com o passar dos anos, e seguido de alguns eventos - os quais convém aqui não detalhar, eles deixaram de se amar. Ou pelo menos foi isso que pareceu. Não se contava na época com um aparelho que radiografasse sentimentos tão íntimos.
De qualquer forma, o que importa nessa história - ou o que deveria importar mais - é que hoje um deles sonhou com o outro. O último, é claro, participara involuntariamente desta narrativa.
Na narrativa, o primeiro encontrara o último (ou o segundo) na calçada de seu apartamento. Convidado pelo segundo, os dois subiram. A esperança latejava nos corações de ambos. Esperança do quê? A narrativa continua... Bem, adentrando a moradia que há anos atrás servira de cenário a tanto amor, mudanças à vista - mudanças que o próprio sonho indomável do sonhador tratou de inventar.
Porém, entre os dois, aquela coisa que se chama esperança no olhar. Eles se olhavam, e do olhar surgiram as primeiras palavras. No começo, aquelas palavras ditas de função fática; mais ao final, aquelas palavras com função de amar. E foi assim, por intermédio das palavras, que passaram ao ato de amar propriamente dito. Este, com muitas variações, no caso do caso narrado, resumia-se a toques de muito carinho, a tateações que no pensamento de cada um diziam: "Devo ou não devo?"; "Posso ou não posso?"; "Que delícia que vai ser se eu fizer assim!".
E assim as coisas continuaram. Só o primeiro, autor inconsciente e ao mesmo tempo ator do sonho é que poderia detalhar melhor. Já quase ao final do sonho, tendo os dois tratado de tratar uma reconciliação e ensaiar um retorno àquilo que chamavam "namoro" - visto que declararam ambos sentir saudades daquela época e também do que se sentia naquela época.
Como todo sonho, mesmo que o autor (e neste caso também o narrador) insista em fazê-lo continuar, numa tentativa desesperada de não acordar, a realidade do mundo material se impôs e o que era sonho ficou sendo somente um sonho.
Mas, mesmo tendo ficado agora uma memória de um sonho sonhado com bastante sonho nele impregnado, o dia do que dormia não seria mais de paz interna. Até que viria a próxima noite; o próximo sonho e a próxima manhã.

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